GANHAR NA SECRETARIA
- Não, não vamos falar do “ apito dourado” ou de qualquer outro caso futebolístico. Falamos sim do referendo irlandês que “ chumbou” o chamado Tratado de Lisboa.
Na altura em que escrevemos o assunto tem sido objecto de vários debates nas estações televisivas. Assistimos a uns que se realizaram .na RTP1, SIC, Sicnotícias e RTPN.
Outros terá havido.
Por exemplo, o doutor Durão Barroso defendeu que o tratado deve continuar..isto não obstante estar escrito no plano jurídico que é necessária a aprovação de todos os países.
A doutora Elsa Ferreira por seu lado disse que era preciso repetir o referendo na Irlanda…como quem diz “ se não vai a bem vai a mal”.
Mas não vimos nenhum jornalista questionar porque é que não se fizeram referendos nos restantes países da União nem porque é que simplesmente se tinha ignorado os anteriores “ não” em referendos fritos na França e Holanda a versões similares do tratado.
Que os senhores que entendem governar em nosso nome defendam interesses muito particulares, percebe-se. Mas os jornalistas..pelo menos aqueles que se dizem independentes…têm a obrigação de questionar e não simplesmente dizer” ámen” a tudo quanto lhesaparece.
No D.N . de hoje..escreve-se em título;
“ Um milhão anula tratado”.
Sim, mas ao menos foram votantes e não meia dúzia de “ burocratas.iluminados” que pretendem representar o povo sem o connsultar.
> Por que não nacionalizar?
>
> Mário Crespo, Jornalista
>
> Se o mercado não consegue disciplinar os preços,
> os lucros nem o selvático prendar dos recursos
> empresariais com os vencimentos multimilionários dos
> executivos, então por que não nacionalizar os
> petróleos e tentar outros modelos? Quem proferiu
> este revolucionário comentário foi Maxine Waters,
> Democrata da Califórnia, durante o inquérito
> conduzido pelo Congresso, em Washington, às cinco
> maiores petrolíferas americanas. Face à escalada
> socialmente suicidária dos preços dos combustíveis,
> o órgão legislativo americano convocou os
> presidentes para saber que lucros tinham tido e que
> rendimentos é que pessoalmente cada um deles
> auferia. Os números revelados deixaram os senadores
> da Comissão de Energia e Comércio boquiabertos.
> Desde os 40 mil milhões de dólares de lucro da Exxon
> no ano passado, ao milhão de euros mensais do
> ordenado base do chefe Executivo da Conoco-Phillips,
> às cifras igualmente astronómicas da Chevron, da
> Shell e da BP América. Esta constatação do falhanço
> calamitoso do mecanismo comercial, quando encarada
> no caso português, ainda é mais gritante. Digam o
> que disserem, o que se está a passar aqui nada tem a
> ver com as leis de oferta e procura e tem tudo a ver
> com a ausência de mercado onde esses princípios
> pudessem funcionar.
>
> Se na América há cinco grandes empresas que
ainda
> forçam o mercado a ter preços diferentes, em
> Portugal há uma única que compra, refina, distribui
> e vende. É altura de fazer a pergunta de Maxine
> Waters, traduzindo-a para português corrente
>
> - Se o país nada ganhou com a privatização da
> Galp e se estamos a ser destruídos como nação pela
> desalmada política de preços que a única refinadora
> nacional pratica, porquê insistir neste modelo?
> Enunciemos a mesma pergunta noutros termos
>
> - Quem é que tem vindo sistematicamente a ganhar
> nestes nove anos de privatização da Galp, que
> alienaram um bem que já foi exclusivamente público?
> Os espanhóis da Iberdrola, os italianos da ENI e os
> parceiros da Amorim Energia certamente que sim. O
> consumidor português garantidamente que não. Perdeu
> ontem, perde hoje e vai perder mais amanhã. Mas
> levemos a questão mais longe houve algum ganho de
> eficiência ou produtividade real que se reflectisse
> no bem-estar nacional com esta alienação da
> petrolífera? A resposta é angustiantemente negativa.
> A dívida pública ainda lá está, maior do que nunca,
> e o preço dos combustíveis em Portugal é, de facto,
> o pior da Europa. Nesta fase já não interessa
> questionar se o que estamos a pagar em excesso na
> bomba se deve ao que os executivos da Galp ganham,
> ou se compram mal o petróleo que refinam ou se estão
> a distribuir dividendos a prestamistas que exigem
> aos executivos o seu constante "quinhão de carne" à
> custa do que já falta em casa de muitos portugueses.
> Nesta fase, é um desígnio nacional exigir ao Governo
> que as centenas de milhões de lucros declarados pela
> Galp Energia entrem na formação de preços ao
> consumidor. Se o modelo falhou, por que não
> nacionalizar como sugeriu a congressista Waters?
> Aqui nacionalizar não seria uma atitude ideológica.
>
> Seria, antes, um recurso de sobrevivência,
porque
> é um absurdo viver nesta ilusão de que temos um
> mercado aberto com um único fornecedor. Se o Governo
> de Sócrates insiste agora num purismo incongruente
> para o Serviço Nacional Saúde, correndo com os
> existentes players privados e bloqueando a entrada
> de novos agentes, por que é que mantém este
> anacronismo bizarro na distribuição de um bem que é
> tão essencial como o pão ou a água? Como alguém já
> disse, o melhor negócio do Mundo é uma petrolífera
> bem gerida, o segundo melhor é uma petrolífera mal
> gerida. Na verdade, o negócio dos petróleos em
> Portugal, pelas cotações, continua a ser bom. Só que
> o país está exangue. Há fome em Portugal e vai haver
> mais. O negócio, esse, vai de vento em popa para o
> Conselho de Administração da Galp, para os
> accionistas, para Hugo Chávez e José Eduardo dos
> Santos. Mas para mais ninguém. A maioria de nós vive
> demasiado longe da fronteira espanhola para se poder
> ir lá abastecer.
>
> Mário Crespo escreve no JN, semanalmente, às
> segundas-feiras
>
>
>
> Este artigo dá-nos mais força para fazermos o
> boicote a GALP!
>